A fábrica da montadora chinesa BYD em Camaçari, na Bahia, só estará totalmente operacional em dezembro de 2026. A previsão foi confirmada por Augusto Vasconcelos, secretário estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), que atribuiu o atraso a investigações relacionadas à obra, após denúncias de trabalho escravo. Inicialmente, a expectativa era que a planta estivesse funcionando em sua capacidade total já neste ano de 2025.
Início da produção e contratações começam em 2025
Apesar do novo cronograma, Vasconcelos informou que a produção de veículos será iniciada ainda em 2025, de forma reduzida e no modelo SKD — processo em que os carros são parcialmente montados.
“Já neste ano, existe a expectativa de que carros estejam sendo produzidos e algumas contratações têm sido efetivadas. Não no contingente inicialmente divulgado”, afirmou o secretário nas redes sociais.
A BYD também confirmou que a montagem dos veículos terá início nos próximos meses, com capacidade operacional ampliada de forma gradual. A expectativa é que o projeto gere até 20 mil empregos diretos e indiretos, consolidando o complexo de Camaçari como o maior polo industrial da marca fora da China.
Capacitação e geração de empregos
Como parte da preparação para a operação da fábrica, o governo estadual já capacitou 500 trabalhadores por meio de uma plataforma de qualificação profissional. A previsão é que novas vagas sejam abertas conforme o avanço da planta fabril.
“A estimativa é que sejam criados 10 mil postos de trabalho com a fábrica em funcionamento pleno até o final de 2026”, declarou Vasconcelos.
“O projeto é parte de um investimento de R$ 5,5 bilhões anunciado pela BYD em 2023, para ocupar o espaço deixado pela Ford em Camaçari”, completou.
Produção de veículos e componentes
A planta da BYD terá capacidade para produzir 150 mil veículos por ano, incluindo os modelos Dolphin, Dolphin Mini, Song Plus e Yuan Plus. O complexo também contará com unidades para produção de caminhões, chassis de ônibus e processamento de insumos essenciais para baterias, como lítio e ferro fosfato.
A expectativa inicial da empresa, divulgada em março de 2023, era de que a produção completa começasse ao longo de 2025. “Ao longo de 2025 nós teremos a fabricação completa aqui saindo dessa planta de Camaçari para todos os estados do Brasil”, disse na época o vice-presidente sênior da empresa, Alexandre Baldy.
Casos de trabalho análogo à escravidão marcaram início das obras
O cronograma da fábrica foi comprometido após denúncias envolvendo trabalho análogo à escravidão durante as obras de construção. Em dezembro de 2023, uma fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 163 trabalhadores chineses que viviam em condições degradantes, distribuídos em quatro alojamentos.
As principais irregularidades encontradas incluíam:
• Camas sem colchões ou com revestimentos inadequados;
• Falta de armários;
• Mistura de alimentos com itens pessoais;
• Banheiros insuficientes e em condições precárias — um deles compartilhado por 31 trabalhadores.
A empreiteira responsável, Jinjang Construction Brazil Ltda, teve o contrato encerrado pela BYD após a notificação do MTE. Em audiência realizada em janeiro deste ano, a montadora e as três construtoras envolvidas informaram que todos os trabalhadores resgatados foram indenizados e retornaram à China. As informações são do site Muita Informação.