A Chapada Diamantina foi tema central de uma série especial do jornal Folha de S.Paulo, intitulada ‘Chapada em Transição’, que aborda os efeitos da expansão dos empreendimentos de energia renovável no território. Dividida em quatro reportagens, a série revela como a região se tornou responsável por 43% de todos os parques eólicos e solares da Bahia, e analisa as transformações provocadas no meio ambiente e na qualidade de vida das comunidades locais.
De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), apresentados na série gravada em março, a Chapada Diamantina e áreas próximas do Sertão baiano possuem atualmente 529 empreendimentos de energia eólica e solar aprovados, sendo que 238 já estão em operação. A reportagem mostra como esse avanço acelerado consolida a região como uma das principais fronteiras da transição energética no Brasil.
Além da geração de energia, outro ponto de destaque na série é a chamada ‘mineração verde’, que amplia o interesse econômico sobre o território. A Chapada é considerada estratégica por abrigar minerais essenciais para a produção de tecnologias ligadas à transição energética, como estanho, germânio, prata, selênio, silício, cobalto, cobre, manganês e níquel. Esse potencial mineral atrai grandes empresas do setor, acirrando disputas pelo uso da terra.

Transição energética e impactos para comunidades locais
Embora a expansão da energia renovável seja apontada como uma solução para a redução das emissões de carbono, a série evidencia que esse processo vem causando impactos severos às comunidades tradicionais da Chapada Diamantina. Entre as principais consequências estão a falta de comunicação entre as empresas e os moradores locais, a realização de obras que provocam rachaduras em residências, além de pressões para a instalação de novos empreendimentos sem a realização de consultas e diálogos transparentes.
O aumento do desmatamento é outra consequência alarmante, comprometendo as áreas verdes, ressecando rios e alterando profundamente os modos de vida das populações tradicionais. A intensificação das obras e das atividades mineradoras também tem provocado a propagação de doenças respiratórias e o deslocamento de famílias.
Assim, ao mesmo tempo que eleva a região a um novo patamar de desenvolvimento econômico, colocando-a no centro da transição energética global, a rápida transformação coloca em risco a sobrevivência de comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, ameaçando seus direitos territoriais, culturais e ambientais. Jornal da Chapada com informações da Folha de São Paulo.